la vie en robe
acordo, ligo o computador, desço em busca de do pequeno almoço que não dispensa a cafeína combustível, crtl+alt+del, firefox, google, e olho para o mundo atrás da cortina branca de zeros e uns em que acreditamos todos sem que os vejamos ou sem que por isso os vejamos também. o virtual sem virtude até que o gesto e a palavra cheguem para mudar tudo. o google é a minha home page, já é a minha terra natal. e já somos todos ratos em vez de homens e mulheres, milhares de sinapses e sinopses e carnes e ossos, vivos e a cores. somos isto. também isto antes do resto e depois do resto, os restos do tudo. por isso lembro, wake up and smell the coffee. e depois de um golinho no galão gelado, o coração bate mais depressa, a máquina oleada mexe-se melhor e lembro-me de todas as coisas que não sei e começo o dia a descobrir algumas e a descoberta anestesia-me e entretém-me. e é assim que em pijama obtenho a minha dose diária recomendada de satisfação. a mínima, claro, o dia agora começa e é impossível não agregar mais nada a isto. isto nem é nada, mas é o mínimo. e tem sido assim caros senhores da netcabo. essa coisa de que já preciso, ver o portão da cybéria é como ver o outro lado do espelho e é assim que dou o meu mergulho no dia, ou que molho o pé pelo menos. este pesquisar é compulsivo, não sei se no bom ou se no bom sentido mas o que é certo é que o sinto. dá-me qualquer coisa para me trabalhar e distrai-me, não que o que trago dentro não chegasse. aliena-me talvez até. hoje sonhei que brindava bem acompanhada, de copo cheio de vinho branco e que comia pão-de-ló. depois distraí-me e busquei por alguns minutos e depois fui para o banho. acontece por vezes tudo parecer vão e inútil. certamente que não é inofensivo. mesmo assim creio que ainda temos ou podemos ou devemos ter o domínio daquilo que somos. é divertido e sei lá que mais. o resto é conversa.
e quem diz isto
diz outra coisa qualquer.
com os meus botões
oiço o tlim do microondas lá em baixo. agora com o prato quente do bacalhau com natas no colo e os tomates cherry empoleirados no teclado para não me bailarem pelo tabuleiro fora, devo dar o meu conselho à nação. o bacalhau com natas do pingo doce é muito melhor do que o do minipreço. ainda assim, o esparregado do segundo é inegavelmente superior.
na mesma linha advertencial, mas num plano mais elevado, nunca é demais lembrar que este blog é para ser ruminado em firefox. e é tão bom que nem precisa de mais publicidade.
redundança
percebo inteira e perfeitamente que tenha sido uma brincadeira. e ainda assim não posso deixar de pensar [pensar como especulação motivada pelo interesse em perceber] qual será a razão que fundamenta os moldes em que foi feita.
o post que mais tarde ou mais cedo tinha de chegar
[há quem me ache parva por falar depressa, pintar as unhas, andar de e aos saltos e colorir o que posso, onde devo, como como, como me movo e comovo, me lanço e me sento e descanso e me deito e me dito e deleito. mas ficai descansados que a mesma estranheza e ternura é dirigida em retorno na igual, exacta medida. constata-se pois o facto de que por mais que lime, limpe, reme e rime ainda não estou boa para consumo. ainda. amén. ]
atraso de vida
antónio, querido antónio, fica só mais um bocadinho. [e mais não digo porque se to disser não acreditas nem tens ouvidos para tanto depois de teres já vivido o mundo. esse mundo que se perde se te perde e cada palavra tua faz falta. o disparate e o semblante, a tromba de elefante, o olho azul, a mão amante. afasta o resto e atrasa o repto que se te raptam eu parto-me. fica mais um instantinho, com bolachas e cházinho, fica para jantar, dormes no sofá, eu levo-te a casa ou chamo-te um taxi, mas fica aqui agora mais um pouco que o aconchego que trazes é tanto, farto, quente e doce e amargo e intacto, cheio do que só tu sabes e mais ninguém pode contar. e oh antónio se te dissesse, mesmo que to diga te já sabes, que estes que a vida nos tira, fazem-nos a cara em mares. e mais não escrevo, que julgarás que finjo. e não peço mais para que não julgues vulgar este humilde depenar de tinta, este vão esforço de te querer imortal, impossível e desigual. que não aguentarei o choque, o adeus ou o mais nada, antónio não vás nunca, mas se fores vai sem dizer, pé ante pé, de madrugada. mas não, nem isso, nem assim, não quero e não deixo. vá antónio fica bom, volta para casa e eu não me queixo. pode ser que já cansado, da chatice deste recado, te decidas a passear por aqui mais um tempo só a ver se nos calas. oh antonio, bem sei. que a piada não basta e que o ri-te senão choras cansa e de que nada adianta este nós que me atravessa, mas fica escrito a vinho tinto que o teu ar tem graça e que nada do que sejas passa. há ruas inteiras à tua espera e memórias por apanhar. agora não te atrevas.]
perdida por cem, perdida por mim.
já é primavera, já? parece-me que sim. posso festejar, posso? viva a abertura das janelas! viva o festival dos fenos e das flores e dos bichos e de tudo! assim me passe este crescendo histérico de explosão solar de céu azul e cheiro a verde, eu componho uma ode bem pensada; mas por agora com licença que vamos dar espaço ao meu ser vivo e palpitante.
massive attack - teardrop
brilhante. tudo.
artigo definido feminino singular
o meu coração é um escândalo
perco tempo a pensar nestas coisas
quantas pessoas em alhos vedros terão olhos verdes.